Transporte de passageiros tem papel fundamental na evolução da mobilidade não-poluente no Brasil aqui

A percepção do imenso impacto que o transporte de passageiros no País tem na evolução da mobilidade urbana, por meio dos veículos elétricos, foi ressaltada em recente entrevista do diretor para sistemas de baterias da BorgWarner no Brasil, Marcelo Rezende, ao jornal O Estado de S. Paulo, ressaltamos alguns pontos dessa conversa aqui.

 

Ele reconhece que o Brasil ainda está lento no avanço da transição energética, mas observa que a eletrificação é um caminho sem volta. A BorgWarner inclusive já afirmou que pretende produzir a bateria completa de ônibus em sua fábrica de baterias em Piracicaba (SP).

 

O diretor afirma que o transporte de carga aliado ao de passageiros terá papel fundamental no processo de descarbonização da mobilidade.

 

A empresa adquiriu a fabricante alemã de baterias Akasol AG, porque acredita no aumento da demanda por este produto, e os números apontam que essa demanda só tende a aumentar, para se ter uma ideia o aumento da frota eletrificada é estimada em 400% entre 2021 até 2025.

 

Segundo estudos, em 2030 teremos 89% das vendas de ônibus preenchidas por veículos elétricos, o que elevará para 11% a participação da frota elétrica.

A estratégia da empresa é desenvolver a bateria totalmente no País, diminuindo o preço, aproveitando o imenso potencial tecnológico e investindo em mão de obra qualificada.

 

“Precisamos de escala para justificar o investimento, que não é pequeno. Por enquanto, fornecemos a bateria para os ônibus da Mercedes-Benz, mas estamos mantendo diálogo com outras montadoras -e o cenário é promissor. Enquanto isso não acontece, vamos aprimorando nosso know-how”, afirma ele.

 

Segundo o Departamento de Energia dos Estados Unidos, o quilowatt (kW) custava US$ 150 há dez anos. Em 2030, o preço deverá ser de US$ 80.

Mesmo com os valores atuais, o retorno do investimento do ônibus elétrico se dá entre oito e dez anos, graças a fatores como manutenção mais baixa e energia mais barata do que a do combustível fóssil. Como o veículo opera em torno de 15 anos, o transportador, então, terá quase metade da vida útil dele gerando lucros.

 

Ele afirma ainda: “Podemos ser uma potência em eletrificação, embora estejamos atrasados. É um erro deixar a eletrificação em segundo plano senão a indústria nacional ficará defasada daqui a 20 anos. Daí será muito difícil recuperar o tempo perdido. É claro que o setor público pode ajudar, dando mais clareza e previsibilidade a suas políticas de descarbonização, o que deixa o setor privado mais encorajado a investir”.