Os rodoviários do futuro, hoje aqui

Sabemos que o Brasil produz um dos melhores (senão o melhor) ônibus rodoviário do mundo. A indústria local é capaz de fabricar uma expressiva variante de modelos aptos a atenderem as necessidades dos transportadores nacionais, tarimbados na atividade de interligar o País pelos mais diversos caminhos terrestres.

Modelo Neoplan com a MirrorCam (Foto: Antônio Ferro)

 

Contudo, a indústria europeia se mostra em um passo a frente quanto ao uso de tecnologias de segurança e de tração limpa. Apesar de termos expertise e, também, contar com recursos tecnológicos embarcados, alguns outros desenvolvimentos ainda não chegaram para cá, como o que pode ser visto na última edição da Busworld, acontecida em outubro passado, na Bélgica.

 

Numa comparação superficial em termos de configuração interna e design, os ônibus brasileiros são bem diferentes dos modelos europeus, em virtude do tipo de poltrona utilizada, com ênfase ao conforto a bordo aqui disponibilizado. Não há dúvidas que o acabamento dos salões de passageiros dos ônibus produzidos no velho continente é de excelência e utiliza material nobre em um layout que privilegia o conforto e a satisfação. Porém, as poltronas e o espaçamento entre as pernas ainda perdem para as versões nacionais.

 

Quanto a parte estética externa, os desenhos europeus são orientados por traços e linhas retas (há exemplos que são exceção ao adotarem traços curvilíneos), enquanto que os modelos brasileiros salientam as formas que puxam para o lado da aerodinâmica. Outrossim, as versões brasileiras precisam ter uma estrutura reforçada para encararem as operações desafiadoras de estradas, que, em muitos casos, têm pavimento irregular e excesso de buracos.

 

Ponto. Aí terminam as comparações. Os ônibus expostos na feira belga se destacaram pelo acabamento externo e pelos novos conceitos que os transformam em indutores do transporte sustentável. Referente ao visual, pode-se ver que os tradicionais espelhos retrovisores estão cedendo seus lugares para as imagens eletrônicas ou seja, para novos equipamentos compostos por câmeras, que ampliam o campo de visualização do motorista, aumentam a segurança (visão noturna melhorada) e reduzem os impactos com outros objetos em manobras. Em dias de chuva ou, mesmo, em situações em que há precipitação de neve, a condução não é prejudicada, pois as imagens se mantêm nítidas.

 

Com visual compacto e grande versatilidade, as MirrorCam ou MirrorEyes, como são chamados os novos retrovisores, transmitem imagens de alta definição para monitores de 15 polegadas instalados junto ao cockpit do motorista. Pontos cegos, também, são eliminados com o uso da tecnologia. Desta maneira, busca-se evitar as colisões com pedestres e ciclistas que estejam próximos às vias.

 

Nomes de peso, como Daimler Buses, Irizar, Scania e Van Hool, foram destaques ao disponibilizarem seus desenvolvimentos tecnológicos. Na próxima postagem vamos detalhar a questão da descarbonização da frota.

 

Por Antônio Ferro

Edição: Marcelo Valladão