Aumento do combustível agrava crise no transporte público

NTU envia ofício ao presidente Bolsonaro alertando sobre o impacto do reajuste nos custos do serviço e propõe adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais.

O setor de transporte público, já fortemente impactado pelos efeitos da pandemia, sofreu mais um duro golpe com o reajuste, na última sexta-feira, do óleo diesel, em 15,2%.  De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Públicos (NTU), o aumento desse combustível inviabiliza qualquer chance de recuperação do quadro crítico das empresas de ônibus urbano em todo o país.

Em face da gravidade da situação econômico-financeira do setor, a NTU enviou, no dia 19 de fevereiro, ofício ao presidente da República, Jair Bolsonaro, informando que o novo aumento, somado aos reajustes acumulados do diesel desde o ano passado, gera um impacto de 5,8% na planilha de custos das operadoras, tendo em vista que o combustível representa em média, 23% dos custos operacionais das empresas de ônibus. Com esse reajuste, o aumento acumulado no preço do combustível somará 27,5% somente este ano, ou 25,4% na comparação com os preços praticados em janeiro de 2020

Segundo o presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha, o setor reconhece o esforço do Presidente da República, que já anunciou medida emergencial que zera tributos federais sobre o óleo diesel por 60 dias, mas clama por soluções definitivas que passam pela reformulação da estrutura tributária incidente sobre o produto e pela adoção de políticas de preços especiais para setores essenciais como o de transporte público.

No ofício endereçado a Bolsonaro, a NTU enfatiza que a situação das empresas chegou a um limite crítico no Brasil, com prejuízos não só às operadoras do serviço, mas também aos trabalhadores. “Foram mais de 70 mil postos de trabalho perdidos”, destaca Cunha.

O setor defende ainda, junto ao poder público, a adoção de um novo marco legal para o transporte público urbano e de caráter urbano, que inclua a segurança jurídica e a transparência nas relações contratuais, em resposta à crise setorial. Tal proposta já vem sendo discutida com representantes dos ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional.

Link para o ofício: https://drive.google.com/file/d/1fYc91nhHZT0rbQtpkkGSS2k0lsVcDDSB/view?usp=sharing