Com perda de 90% dos passageiros, empresas rodoviárias e suburbanas pedem socorro à gestão Doria

Com perda de 90% dos passageiros, empresas rodoviárias e suburbanas pedem socorro à gestão Doria.

De acordo com presidente da Fetpesp, federação que reúne as companhias de ônibus no Estado de São Paulo, Mauro Artur Herszkowicz, podem ocorrem mais demissões e fechamento de empresas.

Da metade de março até o início de junho, as empresas de ônibus que realizam o transporte rodoviário e suburbano dentro do Estado de São Paulo acumulam perdas na ordem de 90% no número de passageiros e a recente retomada de algumas atividades econômicas em parte dos municípios paulistas ainda não foi sentida pelos operadores.

A informação é do presidente da Fetpesp -Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo, Mauro Artur, em entrevista exclusiva ao Diário do Transporte, na tarde dessa sexta-feira, 05 de junho de 2020.

Segundo Herszkowicz, a expectativa das empresas cujas linhas são gerenciadas pela Artesp – Agência Regional de Transportes do Estado de São Paulo, é que o quadro não se reverta em curto prazo.

O representante das viações diz que muitas empresas não vão conseguir manter os serviços e podem até fechar as portas caso não haja um respaldo do pode público. Herszkowicz contou que as companhias já levaram o problema para a gestão do governador João Doria.

“O Setpesp, que é o sindicato das empresas de transportes rodoviários, já fez várias ‘gestões’ junto ao Governo do Estado, junto a Artesp, junto a Secretaria de Transportes [e Logística] no sentido de nos subsidiarem ou darem um recurso governamental para que a gente possa sustentar o serviço. Se a situação continuar do jeito que está, nós não sabemos como vamos conseguir sustentar o serviço” – disse.

Além dos recursos em forma de subsídios, Herszkowicz diz que as empresas esperam a aprovação de projeto de lei que tramita no Congresso para todo o País que propõe que o Governo Federal compre créditos de transportes e distribua para beneficiários de programas sociais.

“Seria a medida que a NTU [Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos] está cansada de propor, no caso das linhas suburbanas, a compra de créditos como vale transporte para serem utilizadas de uma maneira social para quando acabar a pandemia ou durante ela. Eu só vejo essa forma do Governo do Estado ajudar as empresas do setor”

Linhas suburbanas ligam diferentes cidades dentro do Estado, com ônibus de características urbanas (duas ou mais portas, catraca, parada em pontos), mas que não integram as regiões gerenciadas pela EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos.

Como mostrou o Diário do Transporte, a ideia faz parte do “Projeto Emergencial Transporte Social”.  Cada crédito eletrônico de passagem corresponde a uma tarifa pública vigente no sistema de transporte público coletivo por ônibus de cada cidade, região metropolitana ou aglomeração urbana. O Governo Federal destinaria os créditos de viagem do programa “preferencialmente aos beneficiários dos programas sociais do Governo federal existentes ou que sejam criados durante o estado de calamidade pública do Covid-19”.

Relembre:

https://diariodotransporte.com.br/2020/04/23/projeto-de-lei-no-senado-reforca-pedido-de-criacao-do-programa-emergencial-de-ajuda-ao-transporte-publico/

A Fetpesp diz que a  Artesp  permitiu que as empresas operem com 40% da frota, mas com a demanda em torno de 10%, acaba ocorrendo  “um desequilibro enorme para todas as empresas do setor”, nas palavras de Herszkowicz.

O presidente da Fetpesp disse que mais demissões devem ocorrer neste ano, muito embora declarou que as empresas de ônibus querem evitar ao máximo os cortes.

O representante citou o exemplo da Viação Cometa, que fez grandes cortes de mão de obra em março, como mostrou o Diário do Transporte em março, mas afirmou que entre as menores empresas, a situação tende a ser pior e não descartou risco de fechamento de alguma delas.

“As empresas pequenas rodoviárias, aquelas que fazem ligações no interior do Estado de São Paulo, às vezes desconhecidas do grande público da capital, essas eu vejo com maiores dificuldade porque estas têm um recurso e acesso aos recursos muito menor que as empresas grandes, que podem recorrer com maior facilidade aos bancos.”

Herszkowicz citou também sistemas de ônibus urbanos do interior de São Paulo cujas empresas já declaram ter grandes dificuldades, como Atibaia, Sorocaba, Indaiatuba, Sumaré, Presidente Prudente, São Sebastião, Jacareí, entre outras.

“Sabemos por notícias que o interior de São Paulo de empresas que fazem parte da nossa federação, que em Sorocaba temos problemas, em Atibaia, Indaiatuba, Sumaré, Presidente Prudente, São Sebastião, Jacareí parece que houve um problema na hora do pagamento, até surpreendente empresas tradicionais no caso de Jacareí e Sorocaba, que mostram a dificuldade que todo o setor está vivendo na atualidade.”

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

Colaborou Willian Moreira

FONTE: DIÁRIO DO TRANSPORTE